sábado, 12 de janeiro de 2008

páginas.

algumas páginas são arrancadas,
outras apagadas,
re-escritas, reimpressas...
outras somem.

algumas páginas pegam fogo,
outras congelam...
comidas pelas traças,
noutras o café derrama...

segue as em branco...

os sapos e as calças: regime

estou de regime, quero o meu peso de volta, sim, o meu, não este que está aqui, impedindo que minhas calças fiquem em mim! maldito peso, deliciosa comida, todas!!!

comendo salada com minha mãe em uma noite qualquer, qualquer mesmo, como tantas outras, a única diferença é que era uma noite com dieta, comíamos salada, fresca, saborosa, colorida, regada a sangria!

concluímos o óbvio: todos os fantasmas morrem! sim, o mundo dá tantas voltas que quando nos damos conta estamos ali, na posição, confortável posição de não estar mais em determinada posição. isso me deu certo sentido nas coisas, uma força de esperança, apesar de odiar a palavra "esperança", mas vez por outra senti-la, admito, é bom.

a esperança de que nada nos mata, a não ser doença, bala ou faca, o resto não mata. não mata!!!

segue que o que antes era tormenta agora é nada... o que agora é tormenta será nada!!!! isso é bom de saber ainda que na tormenta!!! para quem escrevo? para mim mesmo, para os óvulos não fecundados dos meus ovários, para as muitas "mins" que em mim moram...

ainda não fiz o grandioso, nem sei se pretendo... preciso? devo? quem espera por isso? não eu... deveria...

perdi o sentido de alguma coisa em algum canto que não sei, nem senti falta, ou sinto? não sei... vixe, que confusão...

o que ia ser não foi... ainda? será? ou já foi todo em pensamento? e se penso não será mais? costumava acreditar nisso... ainda acredito?

na minha vida há o solitário menos solitário que eu, e pra mim ele é a solidão, existe o aleijado que escreve, dá dicas de como ser feliz, a tímida que fala palavrão ao telefone, se transforma quando bebe, o ator que para ele mesmo encena sem saber onde está a realidade, não sabe onde está a platéia ou os bastidores... eu assisto e vejo o outro, no outro, tudo que tenho em mim... colcha de retalho.

continuo de regime, comendo alface e engolindo sapo... acho que são os sapos que me engordam... vou parar com os sapos...

e Deus segue me ensinando a liçao que teimo em não aprender.

mas preciso voltar pras minhas calças, as de antes desse peso que não é meu. assim, algo terei feito. ou melhor, desfeito! quero minhas calças de volta!!!

paro com os sapos e volto para minhas calças.

regime.

desloca - mento.

a estranheza de ser o que eu não sou... sim, o deslocamento de mim mesma é tanto que nem me reconheço mais... embriago-me na ilusão e ai as coisas ficam menos turvas, mais falsas, menos reais e mais vivíveis.

neologismos eternos de significação maior que a própria palavra, nem o sentido é sentido, não por outrem, mas por quem o sente apenas, exprimi-los é impossivel.

e na absoluta solidão Deus aparece em detalhe e se torna tudo, a mão firme que se estende.

a inércia é o maior inimigo.

ainda deslocada de mim mesma enxergo que posso enxergar melhor e mais...

o pessímismo pode esvair-se, basta que o ignoremos... tolo assassino, tão morrível como o fogo na água, num toque se esvai... ainda que muito, apaga...

e Deus, imenso, dá ao deslocamento a lição: "Aprenda mulher, aprenda! Não demore tanto!"

segue o deslocamento...